Estudos apontam que todos os tipos de líderes estão desacreditados.
Talvez você nunca tenha se deparado com um desses, mas muitos profissionais têm como fim obter apenas dinheiro e poder. Nesta busca, aprender sobre liderança ocorre sob pretexto de realização profissional e pessoal.
O contexto atual, no entanto, revela que todos os tipos de líderes estão desacreditados. Governantes, executivos e religiosos desapontam os seus seguidores: civis, profissionais e fiéis.
Embora a "indústria da liderança" (instituições ou programas que "ensinam" a formar líderes) vem progredindo, o desempenho dos líderes, de modo geral, tem piorado, o que nos leva a concluir que não se sabe se é possível aprender a liderar.
A piora na qualidade dos líderes se deve na forma de como são ensinados e desenvolvidos. O líder-centrismo, forma pela qual profissionais são ensinados sobre liderança, não engloda o conhecimento sobre seus seguidores, para quem devem trabalhar e servir.
Somado a isso está a falta de conhecimento dos líderes sobre os cenários e contexto econômico, social e político em que estão inseridos.
Os padrões atuais de dominância entre líderes e liderados são diferentes dos padrões de anos atrás.
A sociedade evoluiu queixando-se quando se sentia oprimida. Como exemplo, tem-se a Revolução Americana (que levou à independência dos EUA em 1776), a Revolução Francesa (em que o pedido de liberdade, igualdade e fraternidade resultou na República Francesa em 1792) e os sem-poder.
Os sem-poder eram os proletariados que se manifestaram em 1848 por meio do Manifesto Comunista, com Karl Marx e Friedrich Engels.
Surgiram também, movimentos de igualdade entre brancos e negros, com Martin Luther King Jr e a busca da igualdade entre homens e mulheres, com a publicação de A Mística Feminina, Betty Friedan.
Confúcio e Platão (400-550 a.C.) tinham soluções semelhantes: encontrar homens extraordinários e dar-lhes educação de excelência tornando-os líderes bondosos e com sabedoria.
Diferente de Confúcio e Platão, Nicolau Maquiavel não se ocupava com o reino da perfeição. Seu conceito de liderança é resultante de uma compreensão sobrenatural da condição humana e do domínio sobre o real e não sobre o ideal.
Sua obra - O Príncipe (1513) - é considerada, com justiça, o mais famoso livro sobre política, jamais escrito. O Príncipe também possui um lugar especial na história da liderança.
Ainda na linha de manter a ordem em um mundo desregrado, Thomas Hobbes (1651) foi mais expansivo e propôs uma arranjo completamente diferente entre líderes e liderados.
Em sua concepção (Leviatã-1651), que mais tarde veio a se chamar de Contrato Social, os seguidores garantiriam poder a um líder que lhes daria proteção e conforto, por meio do Estado.
John Locke (1632) continua a evolução do Contrato Social, e argumenta, em desacordo com Hobbes, que se o líder não satisfizesse o liderado, ele poderia ser destituído e, se necessário à força, conferindo poder aos seguidores as custa dos líderes.
Movimentos "de baixo para cima" continuaram ao longo da história, como a filosofia de Mahatma Gandi (1989) e de seu discípulo, Nelson Mandela.
Mahatma Gandi (1989) propunha a resistência não violenta para resolver conflitos por meio da conciliação (filosofia Satyagraha).
Nelson Mandela, após sua condenação em 1962 à prisão perpétua por atos contra o governo da África do Sul, teve, em 1992, a chance de falar na corte sobre como os fracos deviam lutar contra os fortes. Este foi o mais eloquente de todos os seus discursos políticos. O vídeo demonstra suas convicções quando questionado sobre questões políticas delicadas.
Os direitos são estendidos até aos animais, como o livro de Peter Singer, Libertação Animal (1975), descreve.
A história demonstra que antigas regras de liderança já não funcionam. Líderes foram ameaçados, seguidores foram incentivados e filósofos, como o brasileiro Paulo Freire, puderam ser ouvidos.
Por meio do livro Pedagogia do Oprimido, ele questiona: "Quem está mais bem preparado que os oprimidos para entender o significado de uma sociedade opressora? Quem sofre mais os efeitos dessa opressão que os oprimidos? Quem pode entender melhor a necessidade de libertação?"
Seguidores têm evoluído de espectadores, a participantes e até a ativistas, e têm ganhado poder, enquanto os líderes têm perdido.
Contudo, liderar é necessário e não é impossível.
A liderança deve desenvolver habilidades inclusivas, em vez de exclusiva, além de capacidades de inteligência contextual e intelectual.
Mas como medir os resultados da boa liderança? Que ferramentas usar para conduzir ações estratégicas vencedoras?
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Fonte:
KELLERMAN, Barbara. O Fim da Liderança: como a liderança mudou e de que forma podemos resgatar sua importância. Elsevier Brasil, 2012.
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